quarta-feira, 4 de abril de 2012

Estações

Porque mexer agora,
estas horas,em mofos passados?
Se a brisa morna e mole do verão não logrou sacudir os fantasmas amorfos,
o vento crescente do outono que chega
completará a tarefa iniciada, carregando as sombras chorosas
que já não mais me consinto ladear.
Breve, virão os ventos fortes do inverno caudaloso,
encrespando águas e dando voz aos gemidos de almas seculares.
Breve, a brevidade da agonia cederá
ao toque manso da serenidade.
O inverno sempre prenuncia a trégua da primavera.
Breve, a suavidade de sementes germinando
estancará a sangria dos medos.
E a cada pouso-instante de um sabiá sorridente
nos galhos descarnados dos cinamomos urbanos,
um beijo de vida sorrirá em nossas faces descrentes,
prenunciando a utopia das possibilidades,
somente permitida aos nascituros das novas estações.

Nenhum comentário: