segunda-feira, 25 de abril de 2011

Um amontoado de coisas.
Um poeta falou das aves que aqui gorjeiam,
que não gorjeiam como lá.
Aqui é lá?
Outro disse que estava sentado em sua cama,
tomando seu café para fumar.
Os dois são poetas?
O que é poesia?
Quem é poeta?
Quem chora dores?
Quem louva as paixões?
Quem fala de amor é poeta?
Estas horas,
espio meu coração, a tentar
escapar pela boca,
Fujão que é.
E o prendo na respiração ofegante
de quem sabe da vida
o sentido da dor.
Com um pouco de poesia
Pela paz que nunca terei.

domingo, 17 de abril de 2011

E nós, agora, aqui, meu amor!

Olhos abertos no relógio!
Vens, não vens, não vens, vens, não vens!
Se vieres será como se fosse
quando era apenas uma dor apenas,
uma dor qualquer.
quando as coisas todas se
repetem repetindo novamente - Miragem!
Te armo e te desarmo,
prá depois de tudo
te dizer o que
que te quero e não sei o que quero,
mas sei que estás em meus sonhos e mãos,
querendo ou não,
tornaste-te meu.
Te quebro a resistência enquanto digo
as coisas todas
que não sei porque
porque as coisas que me envolvem
te trazem claras,
me cobrando as coisas
que não sei ´por que.
não sei.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Meus Sonhos

Inda se meus sonhos
virassem pesadelos,
continuariam a ser sonhos.
O pior é ver
que eles se esfumaçam
e deixam só rastros
de uma matéia porosa.

meus sonhos se desmancham
pelos caminhos perversos
de tudo aquilo
em que sempre denunciei
na prática daqueles
em que nunca acreditei.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lobos

Cães são assustadores,
Nem toda a convivência com os humanos
consegue tirar deles o lobo.
Nem toda a comida.
Nem toda a maldade.
Nem mesmo quem quer
transformá-los em gente
não arranca de sua alma
o lobo majestade
que primeiro matou,
o lobo franzino que se rendeu
para poder comer,
Nem sua alma consegue
negar os uivos
que acordam as luas cheias
E que lembram os astutos,
os que não viraram cães.
os que teimam em viver
como bons lobos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Nós

Aqui, agora, nós dois.
Sem sentidos esmiuçados,
Sem intenções acobertadas.
Sem cordões invisíveis
A prender  corpos.
Agora aqui nós dois,
Por pura vontade,
Por pura  necessidade
De apenas
Nós dois aqui
Por estas horas da manhã
E de do conforto de mãos que
Não se tocam
Por não ser necessário.
Nós aqui,
Desafiando o limite do tempo,
Sem saber da lua se é cheia,
Sem saber do amanhã o que virá.
Nós aqui sem o sexo da carne,
Sem o medo do abandono.
Nós aqui só para aqui estarmos bem.
Nós aqui porque a água nos espera,
Porque o mundo nos confia
Esta irresistível vontade
De contrariar para viver.