quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Desencontro

Saudade é uma coisa inexplicável. Saudade do que já foi,  do que poderia ter sido.
Saudade do que só agora entendo, saudade de não ter ousado, saudade da tristeza do ir embora sem querer, de toda aquela ausência, do nada que ficou no lugar daquela alegria, daquela pouca e proibida felicidade, das tardes escondidas, da separação imposta.
Saudade até agora bem quietinha, adormecida por anos e anos, e que acorda repentinamente,
sem dó, sem paradeiro, sem nada saber.
Saudade de só ver, de longe que fosse. 
Mas a vida segue, e a saudade, espero, daqui a pouco passará.
Ou, sabe-se lá, nada poderia ou deveria ser, 
A não ser criar e hibernar esta saudade.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Nick Anderson

 Batizei Nick Anderson,
Que era só Nick, o ator ,
o artista que eu procurei
até achar.
Construí, escrevi,
Gravei, criei e transgredi.
Criamos, construímos, atuamos,
arte, sarcasmo, ironia e talento.
Nossa combinação foi chamada
por alguém que nos assistia
de pólvora com fogo.
Incendiarios libertários.
Amei Nick Anderson,
E viajei em nossos delírios.
Me perdi de Nick Anderson
Por uma besteira boba,
por ignorar o aviso esperto,
por pura cegueira.
Sofri muito
Pela falta de Nick Anderson,
E por não ouvir Nick Anderson.
Com todas as sandices
incomodatices e meiguices.
Busquei e reencontrei Nick Anderson,
E, jeito maneira,
nunca mais perderei
O moleque Nick.













quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Bichos da Madrugada

Bicho bem teimoso, este da madrugada.
Não se rende, não vai, não me entende.
Bicho pensamento, cozido em saudades cálidas,
Nem bem sabe a textura da calda doce
Nem bem sabe se derreterá minha boca.
Bicho inconveniente, este da madrugada.
Quando não estou entre minhas relíquias:
Uma cama velha, livros carcomidos,
Uma gata gorda e tudo o que me alegra o riso.
MAs com tino e teima, outra vez então
Só me resta o açoite da vontade e da razão.
Bicho assustador aos outros olhos,
Aqueles que não enxergam nele
O medo, o assombro e e o penar.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Na Estrada

Noite mistério lua,
Chuva tempestade, noite.
Escassas luzes,
Vistas de muito longe,
Diminutas faíscas,
Estrada negra e sem fim.
Noite castrada sem lua,
Estrada inerte,
Suplicando lua e luz,
Rasgada por trovões e raios.
Estrada arredia,
Lua embretada em nuvens,
Mistérios reticentes em fagulhas.
Mato rasteiro enovelando
Um ou outro poste teimoso,
Apenas eu insisto na fraca luz

Única lança a perfurar fantasmas,
Privilégio que me concedem as palavras.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Para Seila

O cabelo tem o mesmo caimento,
lisura de índio,
pele morena de tanto trotear no sol.
Aprendizado duro, alternando dor e confiança;
Traições.
Filhos, mágoas,
Amores e prazeres.
Luta incessante, primeiro instinto,
depois aprendizado,
depois entendimento,
finalmente conhecimento
de mazelas e deveres.
"Quando crescer qquero ser igualzinha a ti"
Ela me dissse um dia entre uma risada solta
E um gole de cerveja.
Igualzinha, não, mulher:
Aprendeste, ssim, um pouco comigo,
Mas tua perseverança,
Tua determinação e inteligência
São teu esteio.
Segue firme, amiga,
Prudutos como tua lealdade e firmeza
São cada vez mais raros, escassos.
E dependentes da tecnologia.
Somos poucas as de cara limpa.
Grande mulher,
Toda minha admiração e carinho.
Um dia vamos trocar inconfidências,
risadas e comentar lembranças.

Saudades da Lua

É tanta, tanta saudade
Que já é necessidade
Chegar mais perto da lua,
Perseguir o rastro prata,
Incomodar-lhe o espelho
Varar-lhe a serenidade.
Lua, Lua, o que fizeste?
Qual encanto é meu sossego?
Não tenho calma nem paz.
Já sussuraram as águas,
Que o delírio de seguir-te
Nem sempre é sinal de vida.
É muito mais teu chamado
Até que a trilha de luz
Leve os corpos para o fundo
E almas que te procuram
Jamais cheguem à luz.
Espera-os o escuro de tua outra face,
Onde se juntarão aos bilhoes
de seduzidos imprudentes.
Mesmo assim, a tortura da distância
Me arranca do peito a razão.
Mas a Lagoa me é leal,
E me faz contentar apenas
com a miragem de teu explendor.