sábado, 12 de julho de 2014

Os ventos que Movem Moinhos - Declarando meu Voto!

Tenho guardado um cartaz do festival de Monte Claro, MG. promovido e produzido pelo PCB. Uma bela paisagem, e algumas bandeiras vermelhas, poucas. Letreiros com indicações, Perguntei: Por que bandeiras sem foices e martelos?
- O mundo está mudando, e temos que acompanhar as mudanças. Foice e martelo não trazem boas lembranças. Precisamos participar das instâncias legislativas, conquistar um leque amplo de simpatizantes, que não gostam de foices e martelos. Precisamos compor, articular, precisamos de uma nova cara.
E desandou aquelas coisas de Perestroika, Gorbachow e sua esposa-troféu, soviéticas maquiadas e músicos com décadas de formação clássica tentando um arremedo de qualidade duvidosa que diziam ser pop.
Pela primeira vez, ouvia falar do neocomunismo. Meu primeiro voto para presidente, preciso engolir a náusea: Roberto Freire. Segundo turno, “estou lula porque sou freire”.
Em seguida surge o malfadado PPS, reivindicando a história comunista, mas não as imensas dívidas.
Tempos depois, esfacelou-se o PCB, dispersão, sofrimento, vazio.
Mas mantinha (está guardada, bem velhinha)uma bandeira vermelha, com uma bela foice e um lindo martelo.
A disputa de projetos ocorre ininterruptamente, inclusive nos partidos populares. A tentação de nadar nas águas misteriosas da política dita tradicional ou oficial deve ser algo muito, muito inebriante.
E presenciei novas alianças, para mim espúrias e oportunistas. Grandes mudanças, velhas propostas sem execução enfeitadas por lindas palavras. Música, que música linda! Mas e as propostas populares? Nosso projto original? onde eram guardadas? SIm, porque reciclado esnte papel nãao foi. Alterações lentas e gradativas, política eleitoral pode sim ser um belíssiimo espetáculo.
Cada vez mais distante, cada vez mais festiva, alegre, diferente. Não a evolução necessária, porque nada é estanque. Não é o 'revisitar o marxismo'. É entender sua perenidade e aplicar os conhecimentos que a história nos dá. O rio só tem duas margens, aprendi e considero o conceito mais contundente e objetivo sobre a luta de classes. A trajetória de lutas e resistência foi empalidecendo devagarinho. Mais uma vez vi bandeiras sem foices nem martelos. E nem vermelhas eram!
Lembrei Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado, vejo um museu de grandes novidades...”
E recordei que em 1988, eu e uma então camarada havíamos escrito um pequeno texto, que tinha esta frase de Cazuza como cabeçalho.
Entendi a diferença de construir alianças que garantam a governabilidade, mesmo que os parceiros estejam e sejam da margem oposta e quando esta parceria tem por meta apenas galgar degraus para o nirvana politico. Prestes apoiou o assassino de sua Olga acreditando ser o caminho sofrido mas necessário. Lula precisou de um crocHe político enovelado, confuso e ins, com a social democracia, com as emaranhadas tendências trotskistas e com comunistas. Amadureceu e ampliou sua compreensão, sem nunca negar na prátiica o que pregava no discurso.O PT foi e é um partido de centro-esquerda, com divergência de conceitos e práticas. Muitos grupos ditos leninistas seguiram um centralismo avesso, não ao Partido. Para mim sempre pareceu confusa a militância simultânea em dois partidos, no leque que abriga os inúmeros grupos que, por sua vez, possuem também suas correntes! Mas com a saída de grande parte desta militância, o PT pode assumir sua vocação original. Não se ppropõe como o Partido revolucionario, apesar de suas pequenas e criticads ações tenham feito mudanças impensáveis no país. Trata as delicadas questões da democracia e disputas internas de forma explícita, entendendo a necessidade de articulação dos pensamentos semelhantes. não dissimula suas disputas internas e discrepâncias. Ao publicizar suas contradições, propicia o surgimento das soluções.
Este amadurecimento do PT, aliado ao constante embate e perseguição da mídia e do neoliberalismo reafirmaram seu discurso, métodos e prática. Muitos radicais de todas as matizes trataram a retirada do termo Socialismo do programa partidário como a derradeira prova do entreguismo e da traição. A mim pareceu coerência política: O PT assume então sua vocação: Um grande Partido de centro-esquerda, disposto a conquistar o governo, arcando com o custo político de suas alianças mas garantindo conquistas e direitos. Enfrentando a ferocidade do neoliberalismo, da mídia oportunista, do poderoso capital financeiro, despediu o FMI, investiu em tecnologia. o Brsil governado pelo PT dissse NÃO à ALCA, democratizou o acesso à educação, tirou milões de brasileiros da miséria, modificou a política externa, dando lastro político a outras nações em transformação.
O que falta ao Governo petista, então?
Falta povo nas ruas, falta enfrentar com mais garra a mídia. Falta mostrar ao povo brasileiro a gigantesca, fantástica transformação feita. Mas falta, principalmente, que seus aliados auto-proclamados esquerda assumam posições propositivas e ideológicas, que lhe indique o real, necessário e possível rumo. Falta a eles definir a prioridade: Assumir a mudança ideológica para garantir a permanência nas instâncias políticas ou retomar o entendimento marxista-leninista, embora permanecendo nas disputas eleitorais que lhe garantem a manutençãoo da pesada máquina instalada. Ouso ainda mais: eria este o momento ideal para a reflexão acerca da necessidade da manutenção de tal estrutura?
Minha decisão de seguir afastada da militância partidária continua. Mas a disputa de projetos me parece assustadora e feroz. Não poderia eu, de forma alguma, me ausentar da luta.
Sem filiação partidária, mas com lucidez política, escolhi meus candidatos ao parlamento: Adão Villaverde, companheiro de muitas lutas, presença fundamental no cenário sindical, do Partido dos Trabalhadores, e André Machado, reapresentando hoje o que foi eixo de minha campanha em 2010: A luta contra a opressão e preconceito contra o direito à livre orientação sexual.
Villa, um experiente, competente e absolutamente confiável parlamentar. Seu engajamento na luta pelo reconhecimento do Estado Palestino, seu apoio ; André, um jovem com coragem de enfrentar o velado preconceito que envolve campanhas com esta temática. Sei bem do que falo.
Concluo minha declaração de voto convocando todas e todos a refletir sobre meus argumentos, e desde já pedindo além de votos, adesão e engajamento a estas candida5turas tão importantes e necessárias.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bem drama de burguesia decadente... ai, minha bandeirinha... O mundo roda, minha filha!

Rendados d'adua doce disse...

Comentário de quem não tem como argumentar. Fique rolando junto com o mundo, Que tal um CD da Xuxa? é bem alegre!!!

Rendados d'adua doce disse...

Perdoem a falha: André Machado é do PCdoB.

César Figueiredo disse...

Vc tem razão camarada... A revolução faltou ao encontro, mas não devemos rasgar a nossa biografia. Pelo menos vc se mantém digna e coerente com as tuas escolhas políticas...diferente de uns e outros...que vivem uma mentira e desmentindo politicamente o que um dia foram....se transformando numa caricatura do presente...ou melhor dizendo, fantasmas de um passado!!!