domingo, 31 de maio de 2015

Água, terra e microchips.

Uma vez,
Lá longe uma vez,
escribas escreveram em suas placas de argila.
Contavam o que seria, tudo sistematizado pela álgebra,
astronomia e matemática.
Falavam de coisas que bem conhecemos:
A história dos deuses tão briguentos
Que acabaram por destruir um planeta inteiro,
conjurar cataclismos exterminadores de dinossauros,
E tudo isto com pequenas espátulas primitivas,
Em sua primitiva argila trabalhada.

E eu aqui,
Com um razoável aparelho,
não consigo inventar uma escrita revolucionária,
Nem tenho nenhum relato astronômico para compartilhar.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Asas

Como é longe e saudoso o céu
para o pássaro que perdeu as asas
por voar sem medir alturas.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Confissão

Baby, amor, destino meu
ou teu,
chama-me como quiseres.
Ou, se te for melhor,
Só ouve-me, já que ao menos,
te é impossível não me ouvir.
e passeia teus dedos
pelo álbum da memória do que fomos.
E se conseguires,
tenta por infinitésmos fragmentos temporais,
te imaginar não homem, mas menina,
não dono de teus 23 anos, mas impotente em teus 16,
E, pior de tudo:
Sem bem saber o que queria,
Sabia exatmente o que não qeria.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Meus Tigres

Eu sinto, de bem longe,
O cheiro das instabilidades.
Eu pressinto a especialidade
Das emboscadas.
E meu instinto
ainda guia
As incapacidades alheias.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Mais um Outono.

Outonos são sempre arredios.
Fazem birra em chegar,
Gostam de espedaçar as esperas.
Valorizam suas cores,
Obrigam folhas a bailar em queda.
Dimensionam nuvens
Acenam com aguaceiros
Que não vem.
Prometem friagens
em tardes mornas e noites cálidas.
Mas com Sol, Lua e Vésper
Suas idas e vindas,
Outono nenhum ousa bulir.



quarta-feira, 13 de maio de 2015

Aprendizado

Quero me esconder
Dos raios sem chuva.
dos comentários,
das sapatos salto-alto.
Quero audiência com caminhos de grama.
Enrolar meus dedos nos cabelos da terra.
Quero um perfume
Com cheiro de chuva na terra.
De meu jardim.
Desenhar os rastros da lua nascente,
Apontar minha/meu Vésper.
Quero rir muito e ninar
As estrelinhas brilhosas
de meu céu mais brilhoso,
Barulhos menos incômodos,
ruídos de boas lembranças.
Asfalto muito, muito longe.
Transporte e fumaça também.
Quero me abandonar de tudo
E de todas as coisas
Que não fazem mais parte de mim.

sábado, 9 de maio de 2015

Incoerências

Minhas rixas centenárias com relógios,
São só por sua inflexibilidade.
Relógios são burocratas de horários,
Que não entendem a física da
Contração e expansão
Das moléculas temporais.
Alguns minutos são horas,
Segundos são microns,
Meses são turnos e anos décadas.
Mas relógios insistem em seguir
seu caduco cronograma.