segunda-feira, 23 de abril de 2012

Indisciplina

Combinações de cores
não seguem protocolos.
Amarelo com vermelho,
Azul com verde,
verde decantando até o amarelo
passeando pelos azuis.
Bem faz a natureza em
não seguir padrões,
catálogos nem etiquetas.


domingo, 22 de abril de 2012

Estrelas

Ontem, tentei explicar para um menino o que são estrelas.
Mostrei o céu nublado,
Falei do Cruzeiro do Sul, Três Marias,
Das poucas que escapavam do cerco das nuvens,
Das raras que sei o nome.
Da infinitude dos céus e seus brilhos.
Hoje, tardinha, sol caindo,
Ele me ,mostra contente a que escolheu para "sua" estrela.
E era Vênus, nosso planeta vizinho.
Resolvi, por melhor, elogiar sua escolha...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Céus e Ventos

Céus do sul, as estrelas do sul, os ventos do sul...
Emaranhado de poeira e pedras e murmúrios,
cheiros e gentes e réstias de rastros do mercúrio da iluminação pública.
Rejeitos e descartes arrastados rente ao fio das calçadas.
Cheiro enjoado dos restos e sobras desperdiçadas,
dos solados imundos que trilham atalhos saturados,
cheiro de desejos mofados e medos construídos.
Céus de meu sul, pacientes no aguardo paciente,
Estrelas de meu sul, febris em seu brilho sacrificial,
Ventos de meu sul, enovelando-se impotentes
Em nossa pressa desatinada em repudiar a plenitude da vida.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Dissonâncias



Dissonantes prá mim são teus medos

Desta dor muito pouco eles sabem

ao destino, toma logo este bonde

Sai de mim, desatino, olha o rumo

Segue os traços que rasgam as certezas

Negue tudo o que sabes sobre o mal.

Admita que sabes: sou teu mal.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Destino


Não sei porque gosto, mas sei que preciso
do escuro invisível que me junta a ti.
Emaranhas meus gostos, quereres e trilhas,
Condensas sentidos em breu indeciso.

Meus sonhos embotas, gostares me tomas,
procuro teu timbre e não ouço teu pranto.
mas sei que percorres o escuro encanto
Minh'alma roubaste, não ouso fugir.

Em dias comuns, as tormentas me invadem,
Querer, eu não quero, não posso querer.
Procuro e não acho tua sombra sem rosto.

Disfarço e permito que tenhas algemas
de carne, perfume, desejo e desgosto
Deixarmos de nós é impossível de haver.

Boff

Encontrei agora um texto de Leonardo Boff. Comi-o com olhos, coração e alma.
Mais substancioso que meses de meditação e pesquisa.
Compartilho-o:
http://leonardoboff.wordpress.com/2012/04/05/la-liberacion-a-la-luz-de-la-nueva-cosmologia/
Deliciem-se. Bom banquete!

Fim de caso



Tudo agora, tão pouco e nada.
Paramos onde nossos estribos calados...
Seguiram mortas nossas vozes roucas
Calaram secos nossos passos poucos.
Acumulam-se horas,
Perderam-se dias.
Ficaram de fora
Apenas os gemidos do vento cruzado,
Enovelando nuvens na noite escura
Dos dias pardos de nossa vida.

Cauda de Rio

Não tem novidade, não tem brevidade,
mesmo que tivesse, de nada valia,
futuro é escasso, constante é ocaso,
são pardos os dias, fugiu alegria.
Não por gostar do frio, mas por tanto
te-lo em minha vida, acostumei.
Frios, ventos e nuvens carregadas
compuseram meu pensamento
e a mim deram forma e vida.
Os dias de sol, brilhantes e desassossegados,
dias de luz intensa e calor palpável,
são como doces em redomas invioláveis.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Estações

Porque mexer agora,
estas horas,em mofos passados?
Se a brisa morna e mole do verão não logrou sacudir os fantasmas amorfos,
o vento crescente do outono que chega
completará a tarefa iniciada, carregando as sombras chorosas
que já não mais me consinto ladear.
Breve, virão os ventos fortes do inverno caudaloso,
encrespando águas e dando voz aos gemidos de almas seculares.
Breve, a brevidade da agonia cederá
ao toque manso da serenidade.
O inverno sempre prenuncia a trégua da primavera.
Breve, a suavidade de sementes germinando
estancará a sangria dos medos.
E a cada pouso-instante de um sabiá sorridente
nos galhos descarnados dos cinamomos urbanos,
um beijo de vida sorrirá em nossas faces descrentes,
prenunciando a utopia das possibilidades,
somente permitida aos nascituros das novas estações.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Cruzeiro do Sul

Linda é a noite em minha cidade.
Ruas, casas.
Sinaleiras em avenidas, gatos vadios.
Apartamentos distantes piscando luzes.
Bares, calçadas, vazios.
No céu da noite de minha cidade
estrelas exclusivas
guiam os distraídos.