sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Salto

É hora de despedidas,
Como se fosse a virada
Da carta de foice do tarot.
É hora de mudança.

Jargão batido mas sempre atual,
Hora de trocar a confortável dor
Pelo sabe-se lá o que.

É hora de pular no vazio.
Na verdade, é hora de pular do vazio
E pisar outra vez na realidade.







segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Calma

Esta insanidade mascarada,
Esta maldita calma almejada,
Esta raiva disfarçada e quieta
Só espreita, esperta,
O momento de burlar a porta
Disparada marcha deslizada
Por balizas, muros, grades,
E desmanchar-se no arenito
Grosseiro e poeirento de
Acostamento esquecido
Das alegrias desusadas.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Colagem

Parede compartilhada em água,
um sonho vermelho e verde
se esfarela em pegadas
nunca dantes navegadas
em tardes de sol.
Qualidades da incerteza
de dias felizes,
daqueles rememoráveis
em anos sombrios.




Três Cães

Três cães,
Cachorros.
Três cães, não uma cadela e dois machos.
Três cães sem raça,
Em fila,
Despreocupadamente adentrando
O mato rente à Lagoa,
Sem pressas nem pudores nem
Preocupações.
Três cães.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Diagnóstico

Minha razão, por vezes se perde
em coisas tipo à-toa.
Em dúvidas inventadas,
Entrelinhas desconexas
Das frases nunca escritas.
Razão avariada por sinais ocultos,
Pesadelos inofensivos
E mágoas rasas.
Minha razão desconcerta-se febril
Frente a constatação inóspita
Da recorrente visita da paixão.