quarta-feira, 30 de abril de 2014

Adeus

Conforta-me saber
Que nada perdi,
Pois que nunca
Possuí.
Adeus,
Tua falta em mim
É abundância
E fartura.
Tua falta ´
É a única fome
Que me sacia.

Saberes

Penso que de tudo,
Um pouco, bem pouco,
Sei.
Ou imagino como ser,
Ou já imaginei,
Ou pensei
E quis ou não conhecer.
Mas certo que
Também sei o enorme,
O imenso
Que não sei,
E que nem nunca sequer
Ousei sonhar haver.
Definitivo,
Sei o universo que
Quero conhecer.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A nunca suficiente proteção

Cuidado:
Praças de guerra urbana
Transbordam dos becos irregulares
Invadem zonas de respeito
Perturbam a decência
Do cidadão de bem.
Mas que culpa tem ele,
Atrás de sua janela blindada,
De suas grades
De aço carbonado,
Seu alarme digital?
Paga impostos,
E ainda assim,
Seguranças pessoais a postos,
Câmeras, paredes reforçadas,
E ainda assim,
Não dorme.
Pensa que é medo de bala sem nome
Os pavores que sente
Sem se dar conta
Que insuportável mesmo
É conviver consigo próprio
E os horrores do preconceito
De seu orgulhoso e nojento pensar.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Tintas, lãs, e seus desmandos

Antes de mestiçar tintas
Urge em mim alinhavar palavras.
Poderia ser também
Desalinhar os embaraços
De novelos de lã mal-guardados,
Ou tocar uma canção de estrada,
Ou lixar meus porongos
Ou miçangar meus agês.
Mas nestes tempos, agora,
As tintas andam salientes
Feito moças virgens e pegajosas
Ou esposaas ciumentas.

Marisa Silva da Silva

Se na poesia,
tudo se copia, copio o poeta:
Marisa, morena Marisa,
AMiga querida e distante.
Mulher não forjada em cristal ou porcelana,
Marisa do barro bruto,
Cerâmica dos fornos de mil graus.
Marisa sobrevivente,
E sábia vivente
Marisa perseverante com olhos de condor
E douçura de beija fllor.
A ti, aos teus,
A teus planos,
O mundo deve,
Muitos, muitos devem.
Inclusive e principalmente
Os já contemplados
Pelos sucessos arrancados
Por tuas mãos.
E de minha parte,
Só te posso desejar um imenso,
Gigantesco e formidável
Balão (daqueles de voar!)
Carregado de coisas tudo de bom e bem
E toda a felicidade que nele couber.



terça-feira, 22 de abril de 2014

Vento Norte

E sem aviso,
Abre a flor,
Sai o sol,
Toca uma bela música,
E os pesares
São forçados ao exílio.
Mesmo com espinhos ainda na carne,
Mesmo com fraturas ainda mal-soldadas,
Mesmo com os olhares esganiçados,
É hora de buscar novas terras,
É hora de ouvir as estrelas,
E hora de acreditar, com fervor,
Que as mágoas e dores passadas
São passado, e por isto
Fenecerão.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Parceira

A madrugada,
Matreira e sabida,
Continua sendo
A melhor companhia
Para qualquer, qualquer mesmo
Pensamento criativo,
Inteligente, Interesante ou
De alguma forma
Ligado a alguma (redundante)
Forma de expressão artística
Que me aconteça.
E isto foi desde
Que me lembro
De brincar com criar
Qualquer coisa que lembre
Arte.

A Folha e o Outono

Há pouco, voltando para casa,
Senti um dos primeiros sinais
Do outono.
Uma folha,
Amarelada,
Crivada de pequenas pinceladas
Cor ferrugem,
Voou sobre mim,
Tão serena em sua despedida do verde
Que me contagiou
Com os tons acinzeentados
Da estação que chega
E suas marcas em mim.

http://bologta.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Este outono e seus medos

O abril chega tímido.
Seu outono não demonstra entusiasmo,
Rapazote tímido,
adolescente por despertar..
O verão, por sua vez,
Assanhado e sorridente,
Vale-se de seus pequenos favores
Grandes concessões.
Minúsculas,
Peles que se roçam ao acaso,
Suores, calorões,
E teima em ficar.
O verão deste ano
Lembra pessoas tão apegadas à vida
Tão temerosas da morte
Que desafiam os anos
Contrariando a ordem natural
Nascer, crescer, criar, morrer.
E assim sendo,
Pouco teremos de outono,
Pois o inverno chegará com toda sua fúria,
Teimando, como o verão, em dar vazão
à primavera em seu tempo.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

A Salamandra

Desviam minha atenção
Os incensos que queimam.
Na fumaça que sobe
Me dá olhos de cão caçador.
Paciente, aguardo,
Tomada por fascinante obscessão.
Eis que por frações,
Por minúsculos e incertos quadros,
Percebo a dança das mulheres esguias,
Longa e farta cabeleira vermelha,
Dando vida ao fogo,
Como fazem as Salamandras.

Meus Mares

Descobri agora um novo mar.
Mais um,
Pleno de cores, formas,
O cheiro da tinta e dos solventes
Sedutores e catárticos como já foram
Os acordes musicais,
Os passos da capoeira,
As linhas formando mantas,
Bordados tecendo mimos,
As palavras formando rimas,
Ideias criando pontes,
Meus gritos calando dores,
A magia trazendo a paz.
Descobri mais um oceano,
E nem tenho noção
De quantos ainda me aguardam.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Salto

As guerras pessoais
Começam quando paramos
de só acalentar nossos sonhos,
abandonamos pelo caminho
as mantas que protegem nossos desejos,
e deixamos ao relento
As maneiras polidas
Que arrancam de qualquer alma
as mínimas chances de felicidade.
Pois creiam,
Claro que geramos com isto
uma gigantesca tempestade convulsiva.
Que apavora e assombra
as pessoas de bem.
Porém, creiam:
Mágoas, raivas, medos,
decepções e incompreensões
São um preço muito, muito pequeno
valoradas com nossa paz.