sábado, 30 de junho de 2012

Embalagem.

De mim,
o pouco que sei,
pode ser guardado em garrafa de vidro,
ovalada,
perfumada por antigos licores,
variando entre o azul-turquesa
e o verde musgo.

Recusa

Tranquilidade - ora pois, agora sem trema-
diz o senso comum,.
que nesta minha idade,
seria, da maior valia,
condição para vida serena.
Ora pois, repito agora,
- Não! Paz comprada a este preço,
sequer poderia por mínima hora,
luminar estrelas no céu fosco,
da harmonia programada.
Ora pois! Carrego comigo,
sem peso nem  culpa,
esta vontade sem fim de sentir emoções.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Som para a noite que finda

Gostos e Cheiros Passados

Pensando comigo,
vasculhando memórias,
lembrei do cheiro da mostarda em folhas
sendo rasgada,
posta à água quente.
No cheiro do alho fritando em óleo,
nas cenouras pequeninas,
morangos minúsculos
abusando-se em sabor.
Café coado,
leite em  garrafa de vidro,
tampa de papel alumínio,
e a crosta de nata, disputada,
sabiamente administrada,
cada  dia para um.
Manteiga fora do gelo.
Pão de meio-quilo
embrulhado em papel pardo,
amarrado pelas pontas,
bolo de laranja,
canja e guaraná.
Receitas que não consigo,
por mais que tente,
roubar das lembranças.
Nunca ficam iguais.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Na Cidade

Tenho sede de ares limpos,
sede de verde, matos é água.
Tenho febre por tanta lida,
tanta gente e muita pressa.
Febre por demais notícias,
novidades tão ligeiras,
verdades sucedidas
por certezas idem breves.
Sanidade obrigatória
e concordâncias rituais.
Cimento, poeira e anúncios,
buzinas, sinais e esquinas,
Febre urbana intermitente.
Tenho sede de frio e de sol,
de escuro, calor e verão,
Tenho fome de calma e de vida.
Céu de noite com estrelas e paz.




Mais Ammy!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Declaração

Que nem modelo que quebrou o salto
no desfile,
pinto ciscando na caca
debaixo de sol,
cachorro que caiu do caminhão
mas achou osso,
debutante experimentando roupa
para a festa,
beata rezando e
dondoca com bolsa de grife.
Assim sou eu quando falo contigo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Contraponto à loucura (Edilberto Vargas)

Para o poeta,
havia uma pedra no meio do caminho.
Para o filósofo, 
havia um caminho até uma pedra, outro após dela
Para ti, num misto de poeta e filósofa:
Há caminhos, 
pedras, 
caminhadas, 
pedradas, 
pode assentar-se sobre a pedra e apreciar o caminho, 
assentar-se em meio ao caminho e apreciar a pedra...
Sanidade. 

De Edilberto Vargas, contraponto à Loucura

Loucura


Ignorado  entorno,
Alternativo e paralelo mundo.
Notícias não lidas,
Novidades abolidas,
Sol não nasce nem se põe,
Dia  e noite que repetem,
Enrodilham em forma e luz.
Porta que trava gozo e dor.
Loucura.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Inverno

Manhã cedo, abro a janela,
Cerração e vento.
Sopro o ar dos pulmões,
Nuvem rápida embaça o vidro.

Meu gato encolhido,
Árvores de poucas folhas.
Encolho braços e corro ao agasalho.
Assobio feliz.

O chiar da água me chama,
Sorrio ao cheiro de café passado,
Nariz vermelho de frio ao sol contido.
Saúdo o inverno que, afinal, chegou.


sábado, 16 de junho de 2012

Da Lua

Lua nova,
Bem nova,
E eu, aqui na janela,
Flertando com a noite já indo,
Namorando a vontade
De roubar um bem pouquinho
Da alegria dela.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Balada dos anos pares

Seres estranhos, os humanos.
Desaparecem por completo,
Nada ouve-se acerca de.
Entretanto,
Bastam brisas mundanas,
Daquelas que acenam ganhos mundanos,
Eis que reaparecem - ou aparecem -
Cheios de boas ideias e intenções.
Notadamente em anos pares,
Aqueles que conduzem aspirantes
Ao glamour tão duramente almejado,
Por estes desavisados suspirantes, ao que julgam,
Ingênua ou maldosamente,
Mas sempre ardentemente,
O Poder.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Tá louco?

Madeira de dar em doido.
Doido de atar no poste..
Café para louco não leva doce.
Tá pirado, tá pirado.
Viajou.
Desbundou.
Endoidou.
Enlouqueceu.
Saiu do sério.
Lugar de louco é hospício.
Pessoas normais não agem assim.
Tem que levar choque.
Não tomou Gardenal hoje.
Tapa na cara cura histeria.
Louco, mas não come merda.
Não rasga dinheiro.
Saiu da casinha.

Endoidou de vez.

Ah, esta perigosa convivência
Com perigosos contraventores...
Gente normal é diferente,
Nunca sai do sério
Nem rasga protocolos.








Para a alma

Para lembrar Ammy

quinta-feira, 7 de junho de 2012