sexta-feira, 28 de março de 2014

Borrões

Minhas pinturas
Não seguem nenhuma pré-determinação.
Nunca sei o que nascerá
De meus pincéis
Nas telas e panos.
As poucas tentativas programadas
Já nasceram mortas.
Desconheço outros processos criativos,
Sei de mim,
e da total imprevisibilidade
do que pinto, escrevo e sou.

sábado, 22 de março de 2014

Ao fim de romance

Sou insana,insensata,
inconstante,incontida e intensa.
Sinto as dores alheias,
mas aprendi que nada posso por elas fazer,
se sanar tais dores depender
de me manter cativa.
Não sei ser presa,
Não sei sentir o amor único e perseverado,
Não sou mulher de poucos donos,
sou mulher de dono nenhum.
Hoje já não choro ao despedir-me
de amores arrebatados,
das paixões imensuradas,
mais importantes que meu ar,
meu alimento,meu sangue.
Já não lamento as lágrimas alheias
pelos finais por mim previstos.
Nem me incomodam os comentários alheios
sobre o sofrimento e tristeza
dos fracos que não sabem
da alternância eterna dos amores,
pois que amar é eterno,
mas os amores são todos,
irremediavelmente,
temporais.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Antes e Agora

Uma vez, faz muito tempo,
Eu queria saber todas estas coisas
Que agora eu sei
E que nem são tão assim, assim.
Queria poder sair com qualquer tempo
E a qualquer hora.
Queria não precisar chorar nem ter medo.
Aquela vez,
Eu tinha tanto pânico de meus segredos,
Que até perdia o sono,
Pensando que alguém
Pudesse imaginá~los.
Aquela época eu até achava
Que nem ia durar tanto tempo
Quanto estou durando até agora.
E agora, queria alguns segredos que apavorassem,
Não tenho motivos para sair a qualquer hora,
Nem paciência para ter medo ou chorar.
Ainda bem que, felizmente,
não me transformei
em um destes adultos que atemorizam
os adolescentes
antes que eles descubram a farsa
da autoridade imposta e cruel.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Lua!

Só mesmo a lua cheia
tem destas coisas
de transformar
qualquer nebulosidade parda
daquelas que tentam embrulhar nossa alma
Em papéis coloridos,
laminados
e cheios de brilho,
Barulhentos e festivos.
Lua, tudo!

De punhal na mão para enfrentar a foice. E vencer.

Algumas ocorrências são arrasadoras.
São cruéis,
São aquelas que nos trazem o pior
de todos os sentimentos:
A impotência.
A morte não nos torna impotentes,
Ela é inexorável,
Nós passamos a vida ou a esperando,
ou a temendo,
ou a ignorando.
O que nos arrasa é o que nos priva
da razão.
O que desconhecemos.

Depois que descobrimos
a fonte de todos e quaisquer
dos horrores que podem nos assaltar,
acaba-se o pavor.
Conhecer o que nos afronta
confrontar o que nos tortura
transforma o pior dos pesadelos
num sonhozinho à toa
Que logo desvanece
Quando a luz do sol vem iluminar nossa manhã.
E então entendemos que não temer a morte
é o que nos faz mais e mais
resistente a ela e a todas as suas mazelas.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Ao meu Mestre

Nem um pouco importam as aparências,
De nada serviram os maledicentes,
Não importa o que digam.
Já trilhamos muitos caminhos,
Já matamos tantos leões,
Já nos perdemos e achamos
Em tantos e tantos medos
Que jamais estaremos
Um do outro sozinhos.
A ti meu irmão,
Força bruta de minha inteligência,
Faro de minha intuição,
Porto certo nos descaminhos,
Filho-pai, professor aprendiz,
Nunca importou o que disseram
Os sem-inteligência,
Os sem-capacidade,
Os sem-brilho.
Estaremos sempre juntos,
Como sempre estivemos.
E isto, nem a mais furiosa besta-fera
Tomada de fúria e inveja
Conseguiu, consegue ou conseguirá mudar.
Somos feitos da mesma matéria,
Temos os mesmos sonhos,
Nós e os nossos somos todos um.
Pedaço não-sexuado de minha alma,
A ti, meu Mestre,
Todo o meu amor e meu carinho.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Descartar a cultura da dor

Não gosto de escrever sobre minhas dores.
Pior ainda é desnudar dores paridas de dúvidas.
Mas hoje concluí, atordoada,
Sofrimentos não são ímpares no universo.
Muito menos únicos.
Ah, infinito orgulho irracional, só digno de humanos,
Ah, humanidade que se vitimiza e glorifica
E ostenta orgulha as chagas sofridas
Tais fossem medalhas
Inconteste de pureza, valor e integridade.

Sempre preferi esconder minhas dores atrás dos deboches,
Das ironias, das contestações e da rebeldia.
Nunca a dor me trouxe algum bem ou vantagem.
Corrijo: Tornou-me esperta.
Certamente, conhecer a dor é neccessário para dela fugir.

Muiti, muito mais ainda saberei
Sobre dor, e o melhor, sem precisar sofrer.
A chave, esta simplicidade óbvia,
Minha dúvida, que compartilho:
O que será pior:

Saber-se não querida, não amada, detestada mesmo,
e retribuir este não amor, demonstrando este não amar?
ansiar pela distância,
pela fuga, pelo nunca mais?

Ou não se sentir amada o quanto desejaria ser,
exigindo a cada palavra e cobrando cada piscar de olhos
o amor sabidamente cada vez mais surreal?
Idealizar o que seria este amor, mesmo sabendo
Que muito, muito pouco provável
alguma coisa tão mel-margaridas-cor-de-rosa e pompons
existam de fato?

De meu parco saber, através dos tempos,
Optei pela blindgem de minha
pouca ainda restante sanidade.
Tenho bons e de certa forma, frequentes, momentos bem felizes.
à minha maneira.
Tenho compromissos bem difíceis de manter com minha equilibrista sanidade.
Dou-me ao luxo de compartilhar, raras vezes e a raros esccolhidos,
Inteligência, empatia ou sensibilidade -
E, caso continuem recebendo (eventualmente, claro),
Sinto-me honrada em ser uma cobaia poética
Para os novos gênios com capacidade para trasgredir o conhecimento formal.
Mas não sintam-se atados! Qualquer e-mail suspende os nominhos de vocês da lista.