quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Moço bonito de olhinhos espremidos,
peito liso,
dentinhos arrebitados,
Fala crespa como maré.
Moço desconfiado,
Moço indeciso e incerto.
Moço carregado de medos,
de remorsos enterrados na alma.

Moço cheio de culpas sublinadas.

Moço dos beijos desconfiados, medo do moço
virado em valentia
para garantir a vida.
Moço de semblante cansado e triste
mesmo quando alegre.

Moço desesperançado,
Moço ressabiado,
tantos foram os enganos e traições.

Mas quando nos amamos,
teu riso deixa escapar nesgas de humanidade,
e entre carinhos e carícias consigo
perceber
alguma dose de solidão e inocência.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Não Sei

E nós, agora, aqui, meu amor?
- Olhos abertos no rel´gio!
Vens, não vens, não vens, vens?
Se vier será como se fosse
quando era apenas uma dor qualquer,
quando as coisas todas se repetem,
insistindo:
- Miragem!
Te armo, te desarmo,
pra depois de tudo te dizer o que?
Que te quero e me queres?
Que me desespero?
As vezes não sei.
Não sei.
Quebramos nossas resistências,
Nos dissemos coisas que
Não sei, não sei,
Só sei que só eu te posso
E só tu me podes
Dizer as coisas que não sabes e
Dizer as coisas que não sei.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Desencontrados

Nem ainda foste, já dói.
Não vieste.
Já me espreita a saudade.
Os sonhos que não tive, Teu cheiro ainda em mim,
Meus lençóis são tu.
Teu corpo inteiro, tão pouco inteiro meu.
Tão pouco te faço
E sou feliz,
Mas tanto sou
E te faço feliz...
Por muito, te ouço,
Por pouco, ouço a razão.
E então, se não vens,
Me deixas e te deixo.
Como sádica maya de meus dias.
Como cruel carrasco que acarinha,
Mas depois vai.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Meu Amor

Meu amor passeia entre areias, britas, barro e chão.
Meu amor, olhinhos de pardal,
Cheiro mão e beijo de homem.
Não sabe do frio das notícias velhas, meu amor,
Ele me aparece sorridente
Pela manhã,
Me toma e tem e tudo e eu
sou toda deste amor
que nem nunca imaginei
existir.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Navegantes

Navegante sou,
Navegando estou,
Quero a marina segura
de teus braços.

Navegantes nós,
Em águas incertas,
Brisa sorrateira e morna,
Único sextante,
Nestes mares
Onde jamais encontramos
O por do Sol.

Navegantes nós.
Ancorados um no outro
Por um fio de seda
Sem nós nem amarras,
Desfiado aos poucos
Por nossos próprios dedos.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Go Home!

Pois fui verificar as estatísticas do blog.
Um bloguezinho de poesias!
E eu, sindicalista comunista nada prodigiosa
Em meus parcos poeminhas,
Descobri que tenho um grande número de fãs.
Estadunidenses.
Uai!
As coisas estão ruins aqui na terrinha!
Tiraram a presidenta,
Empossaram o impostor,
Aécim soltinho, soltinho,
e os yankees controlando
até poesia de quem não aceita o golpe!
Tres alternativas:
Ou continuem, vocês, greengos,
a me dar audiência;
Ou aprendam alguma coisa com a poesia,
Ou deixem eu e meu país em paz!


sábado, 28 de outubro de 2017

Plantar

As sementinhas,
As mudas (aquelas que criam raízes n'água)
Os galhinhos,
Cada coisa com seu tempo.
Natureza mágica,
Mãe Terra sábia.
Algumas brotam logo,
Outras custam, custam...
Outras secam para voltar.
Tudo a seu tempo.
Cada planta com seu gênio,
Suas manias, preferências.
Cada sementinha com seus mistérios.
Alecrins, aipins,
Manjericao, manjerona,
Porongos e uvas,
Capim, mato,
Pequeninas flores,
Minúsculas breves.
Mexer na Terra,
Acompanhar cada nascimento,
Cada crescimento silencioso,
É a própria serenidade.
Mexer na Terra
Me fez entender
Uma outra dimensão.
Plantar resgatou
Minha humanidade.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Sempre.

Olhos de pardal,
Canto de canário da terra.
Sul, Norte,
Rosa dos ventos sem paradeiro.
Bandeiras içadas,
Bandeiras rasgadas,
Ideologia ferrenha,
paredões inclementes.
Certeza?
A luta.
A magia.
Persistência insana,
desafiante das mazelas diárias.
Eu, tu, como outros
Loucos anônimos insistentes
Capazes de gerar resistência
E seguir perseguindo nossa utopia.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Os heróis que não morreram de overdose.

Para Waldir Bonh Gass
e Geovani Machado.



Faceirice de dever cumprido,
Cansaço de enredo comprido,
Povo na rua,
Rua em movimento.
Vitória, apesar dos entraves,
Companheirada de história.
Mas história de verdade.
Não estórias.
A luta, o movimento,
Diferença de envolvimento real,
Não virtual,
Comprometimento carregado no peito,
Na alma e na prática.
Quem sabe, faz a hora,
Dizia o poeta,
Pois digo eu,
Tem quem sabe e faz acontecer,
E estes, estufo o peito
Brado em alto e bom som:
São os heróis que sobreviveram
Me orgulho e emociono
De ter partilhado, desde tantos
e tantos e tantos anos
Estes convívios
Que me fazem
Jamais pensar em desistir!

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Sobre as voltas do Mundo

Redondo, que é,
O mundo da voltas,
Revira-se em voltas,
Revolta-se
Ou volta exatamente
Para onde cada um de nós
deixou-se ficar.