Por agora, é madrugada.
Uma luz, sabe-se lá de onde,
Infiltrada por frestas minúsculas
derrama-se em magotes
impertinentes,
Queimando retinas.
No silêncio do vazio,
Podemos apenas escutar
Os barulhos da Luz. Derrubando muros pixados
E galhos e mais.
Caem frutos das árvores próximas.
Frutos apodrecem quando tocam o chão.
Servem de alimento à luz,
Que ainda tem fome.
Pobres poetas, estes dos muros da cidade!
Jamais imaginaram que,
Ao grafar poemas em paredes brancas,
Despertariam,insone,
O branco da luz.
Que, até hoje,
só matava a fome, com poemas rimados,
daqueles declamados ao luar, por enamorados,
inspirados pelas frutas podres,
caídas dos galhos secos,
que alimentam calçadas e campos e matas.
Luz e frutos permeiam mentes
e encantam olhos e corações doe poetas perdidos.