sábado, 22 de abril de 2017

Contos de Fadas e Dragões

Contos de fadas não contam para crianças
que dragões existem.

Crianças conhecem dragões.

Contos de fadas contam para as crianças
que os dragões podem ser derrotados.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Cordel sem rima

Quando acordei da infância as coisas estavam ruins.
Brasil ganhou a copa, verdade.
Curiosa, li em jornais a morte de terroristas,
Descobri que o Brasil era uma democracia
que fazia eleições indiretas.
Aulas de Moral e Cívica,
Ato patriota cantando o hino nacional
(toda semana)
de uniforme. Mão no peito. Sem cochichos.
Aí as cores iniciaram a me transformar.
Rebeldia, sim, do jeito parco
Que moças de família não deveriam sentir.
Anos e tempos, e livros, faculdade,
Para entender e chorar de raiva.
Pixar muros, medo, cuidados muitos,
Nome de guerra... Que orgulho.
A vida seguindo e eu aprendendo.
Já não carecia mais de clandestinidade.
Palavras censuradas eram faladas.
comícios enormes, diretas frustradas,
planos mirabolantes, confiscos,
Volta à rua: Empurra o cara que ele cai.
Caiu. E agora? Ixi!
Feirão de patrimônio, arrocho, tevê faceira.
Mais anos passando e o dia nasceu feliz!
Agora sim, democracia.
Desde cedo ameaçada, incomodada.
Avanços sociais, justiça social pequeninha,
Suficiente para encher pratos - Fome, fora.
Marolas. Código florestal, prato servido
para aplacar latifundiários e pecuaristas.
Crise capitalista resolvida no capitalismo?
Consumo? Aí foi que nos perdemos.
Máquina. Poder. Negociações. concessões.
Mexer em vespeiros? Nem por sonho!
Não fizemos, eles fizeram.
Não taxamos grandes fortunas,
Não cobramos dívidas formidáveis,
Não enquadramos as concessões públicas,
E mesmo assim, formos detestados,
denunciados, caluniados, apedrejados
Até por quem tinha tudo a perder.
Riria agora, se não chorasse pelo Brasil,
Dos manipulados, bestializados,
recém saídos de caverna escura e triste
bradando por mais sol, mais grama, mais calor.
Pessoas de triste figura, estes.
Levaram a democracia embora,
Não perceberam a grande armadilha,
E ainda assim, demoram a reconhecer.
E eu, que já vivi muitas das cores,
preparo minhas vestes cinza e
economizo poucas alegrias.
Frente ao descalabro revoltante
já sinto a chibata em mim e nos meus.
Os tempos já foram melhores,
quanto tempo levaremos desta vez
para ver outra vez
o dia nascer feliz?