sábado, 29 de setembro de 2012

Engano

Diziam-me, anos atrás, muitos anos atrás,
Quando a impaciência me assolava,
E  incerteza me consumia,
Que com o tempo e a idade
(ah, esta coisa que até hoje não consigo
 nem entender nem reconhecer)
Que a maturidade traria a calma,
A tranquilidade, a paciência.
Imaginava-me, horrorizada,
Na contemplação dos ponteiros
De algum relógio imaginário,
Assistindo o bailar de ponteiros,
Aguardando o cair da tarde,
O horário da novela das sete,
O sono das oito,
O despertar com o nascer do sol.
Pois o tempo passou,
Muitos anos, todos aqueles aniversários
Que jamais deixei de festejar.
Continuo impaciente, carregando incertezas,
O sono não chega antes da madrugada,
Acordar com o nascer do sol continua
a ser um suplício.
Uso relógio digital para não me irritar
com a lentidão dos ponteiros,
E quanto à formigas, bem...
Elas continuam caminhando em fila,
Mas só lembro delas quando invadem o açucareiro.

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